COMO NASCEMOS

Meu nome é Mariano Freire, sou arquiteto, idealizador e fundador da Torino Bike.

Em Abril de 2015, durante uma viagem a Amsterdã, eu estava caminhando pelas lindas ruas da cidade quando me deparei com uma cena que nunca mais vou me esquecer. Era uma mãe com seus dois filhos, em uma Cargo Bike em movimento.

O que me chamou a atenção na cena foi a relação entre eles. O filho mais velho estava sentado de frente para a rua, com a cara ao vento, admirando a paisagem, totalmente imerso em seus pensamentos. O filho mais novo estava na frente da bicicleta, virado para a mãe conversando intensamente com a mãe. Enquanto um estava no seu próprio mundo, o outro estava totalmente conectado com a mãe. E a mãe, por sua vez, estava com um sorriso pleno no rosto vendo seus dois filhos tão bem, cada um à sua maneira.

Naquele momento pensei, eu preciso ter uma bicicleta dessas!!!

Desde então, nunca mais parei, até conseguir ter o resultado que eu queria, uma bicicleta extremamente funcional, segura e sem dispensar design.

"NAQUELE MOMENTO PENSEI, EU PRECISO TER UMA BICICLETA DESSAS!!!"

A ideia inicial era importar as bicicletas, enviei e-mails para empresas por todo o mundo, entre eles, Holanda, França, Estados Unidos, Dinamarca e China, mas infelizmente os impostos sobre importação no Brasil são muito altos. Isso somado ao câmbio desfavorável, tornou a importação inviável.

"OS IMPOSTOS SOBRE IMPORTAÇÃO NO BRASIL SÃO MUITO ALTOS, TORNARAM INVIÁVEL IMPORTAR."

Decidi produzir a bicicleta internamente.

Comecei a trabalhar no projeto. Sendo arquiteto, tendo projetado prédios de até 40 pavimentos por todo Brasil, nunca imaginei que o projeto mais difícil da minha vida seria uma bicicleta! Tantas coisas para pensar, materiais, ergonomia, componentes, peças, encaixes.

"MAS EU NÃO IA DESISTIR..."

Comecei a mapear fabricas de quadros de bicicletas de todo o tipo, pequenas e grandes, de ferro e de alumínio. Visitei diversas delas, até que visitei a maior fábrica de bicicletas de São Paulo, o gerente de produção se encantou com o projeto e a ideia, mas já adiantou o volume seria muito pequeno para eles colocarem em produção e me deu o contato de outra pessoa que também estava iniciando a produção de bicicletas em alumínio e firmando que ele era muito bom.

Fui visitá-lo, a fábrica era muito simples, mas dava para ver que as bicicletas eram muito bem-feitas, com muito capricho, e ele adorou a ideia. Iniciamos assim uma parceria.

Desde o princípio quis uma bicicleta que fosse desmontável, para que pudesse transportá-la mais facilmente, da fábrica até o destino final.

O primeiro teste que fiz fui até a casa da minha sogra, em Santo André. Era loucura, mas eu precisava testá-la.

"O PRIMEIRO TESTE QUE FIZ, PEDALEI COM ELA ATÉ SANTO ANDRÉ! ERA LOUCURA, MAS EU PRECISAVA TESTÁ-LA."

Que alegria andar na bicicleta que eu havia projetado e construído. Dava para ver que ela era um pouco instável, maleável, em parte porque eu não tinha temperado ela, em parte porque os materiais não eram resistentes o suficiente. Eu andava como um louco, nas descidas acelerava, nas subidas acelerava até que na metade do caminho a bicicleta quase desmontou.

Partimos para o protótipo 2. Coloquei componentes mais apropriados para o uso. Reforçamos os tubos, melhoramos um pouco a ergonomia. Rodei com ela durante 1 ano. Com carga, sem carga, com meu cachorro, com a esposa, com meus sobrinhos.

A bicicleta estava muito melhor. Mais estável, menos maleável mas ainda restava a dúvida se ela resistiria ao uso e se não seria o caso de alterar espessuras dos tubos, uma vez que o peso final sempre foi uma preocupação.

Contratei um projetista mecânico para aferir a resistência, ver o que precisávamos ou podíamos melhorar no projeto. A bicicleta estava muito bem projetada e quase não tivemos que fazer ajustes.

"A BICICLETA ESTAVA MUITO BEM PROJETADA E QUASE NÃO TIVEMOS QUE FAZER AJUSTES"

Depois dos últimos ajustes finos, mandamos temperá-la e pintá-la, a bicicleta estava ótima! Estável, boa de se dirigir. Eu não queria mais saber de carro, moto, nem da minha antiga bicicleta. Andava de cima para baixo com ela. Adaptei o bebê conforto do meu filho para poder transportá-lo com segurança e sempre que possível optava por andar com ela. Alcancei o meu sonho de andar de bicicleta com meu filho, olhando para ele, e ele olhando para mim, compartilhando as experiências e liberdade do trânsito.

Depois de alguns meses resolvi colocar um kit elétrico nela, para aumentar a autonomia, e testá-la com maior velocidade e peso. Para minha alegria, andou muito bem.